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ESPUMAS FLUCTUANTES

Vejo-te cauteloso
No espaço viajar!

Deus do infeliz, do misero!
Consolação do afflicto!
Descanso do precito,
Que sonha a vida em ti!
Quando a cidade tetrica
De angustias edor não geme,
É tua mão que espreme
A dormideira ali.

Em tua branca tunica
Envolves meio mundo...
É teu seio fecundo
De sonhos e visões;
Dos templos aos prostibulos.
Desde o tugurio ao paço.
Tu lanças lá do espaço
Punhados de illusões...!

Da vide o sumo rubido,
Do hatchis a essencia,
O ópio, que a indolencia
Derrama em nosso ser,
Não valem, genio magico,
Teu seio, onde repousa
A placidez da lousa
E o gozo do viver...