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ESPUMAS FLUCTUANTES


SÓ, quando a terra dorme solitária
E crixue-se á meia noite, l)ranca, a lua,
E a bri/.a geme cantos de tristeza
No ramo do pinheiro, que fluctua;

E quando o orvalho pende do arvoredo,
Que se debruça p′ra beijar o rio,
K as estrellas no céo scintillam languidas
— Pérolas soltas de um collar sem fio;

Então eu vou sentar-me sobre a relva,
Eu vou sonhar meus sonhos ao relento,
E só conto o segredo de minh′alma
Das horas mortas ao tristonho vento.

II

Eu sei como este mundo ri de escarneo

Deste aéreo sonhar da phantasia.

Vm sei... P′ra cada crença de noss′alma

VAle tem uma phrase de ironia...

Ah! deixae-me guardar o meu segredo!

Deste riso cruel eu tenho medo...

Meu segredo? E o canto de poesia
Que suspirou, saudoso, o gondoleiro,