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É a Morte — esta carnivora assanhada —
Serpente má de lingua envenenada
Que tudo que acha no caminho, come...
— Faminta e atra mulher que, a 1 de Janeiro,
Sae para assassinar o mundo inteiro,
E o mundo inteiro não lhe mata a fome!
Nesta sombria analyse das cousas,
Corro. Arranco os cadaveres das lousas
E as suas partes pôdres examino...
Mas de repente, ouvindo um grande estrondo,
Na podridão daquelle embrulho hediondo
Reconheço assombrado o meu Destino!
Surprehendo-me, sosinho, numa cova.
Então meu desvario se renova...
Como que, abrindo todos os jazigos,
A Morte, em trajos pretos e amarellos,
Levanta contra mim grandes cutellos
E as baionetas dos dragões antigos!
E quando vi que aquillo vinha vindo
Eu fui cahindo como um so1 cahindo
De declinio em declinio; e de declinio
Em declinio, com a gula de uma fera,
Quiz ver o que era, e quando vi o que era,
Vi que era pó, vi que era esterquilinio!
Chegou a tua vez, oh! Natureza!
Eu desafio agora essa grandeza,
Perante a qual meus olhos se extasiam...
Eu desafio, desta cova escura,
No hysterismo damnado da tortura
Todos os monstros que os teus peitos criam!