Mysterios de um Phosphoro

 

Pego de um phosphoro. Olho-o. Olho-o ainda. Risco-o
Depois. E o que depois fica e depois
Resta é um ou, por outra, é mais de um, são dois
Tumulos dentro de um carvão promiscuo.

Dois são, porque um, certo, é do sonho assíduo
Que a individual psychê humana tece e
O outro é o do sonho altruistico da especie
Que é o substractum dos sonhos do individuo!

E exclamo, ébrio, a esvasiar bácchicos odres:
— «Cinza, synthese má da podridão,
«Miniatura allegorica do chão,
«Onde os ventres maternos ficam pôdres;

«Na tua clandestina e erma alma vasta,
«Onde nenhuma lampada se accende,
«Meu raciocinio sóffrego surprehende
«Todas as fórmas da materia gasta!»