Gemidos de Arte
I
Esta desillusão que me acabrunha
É mais traidora do que o foi Pilatos!...
Por causa disto, eu vivo pelos mattos,
Magro, roendo a substancia córnea da unha.
Tenho estremecimentos indecisos
E sinto, haurindo o tépido ar sereno,
O mesmo assombro que sentio Parphéno
Quando arrancou os olhos de Dyonisos!
Em gyro e em redemoinho em mim caminham
Rispidas maguas estranguladoras,
Taes quaes, nos fortes fulcros, as tesouras
Bronzeas, tambem gyram e redemoinham.
Os pães — filhos legitimos dos trigos —
Nutrem a geração do Odio e da Guerra...
Os cachorros anonymos da terra
São talvez os meus unicos amigos!