132


Deveria, ao certo, emballal-a, adormeeel-a, fazel-a sonhar um pouco, ao certo, toda aquella luminosidade lethargica, anciante, ílagellativa, (][ue morbidamente a atravessava, a inoculava de tóxicos e alcoolisadôres amavios, de feitiços narcotisantes, de venenosos e deliciosos ópios, de subtilezas, de delicadezas nervosíssimas de uma sensibilidade quasi lasciva, de tão martyrisante, dolorosa e penetrante que era atravez dos espessos, densos nevoeiros da poeira e do sol...

Fazia pensar que uma desconhecida voz, que ella não sabia de onde vinha, chamava com carinho por ella, a abençoava na sua af flicção, no seu dilaceramento, suavisando-a na dor, protegendo-a na torturante peregrinação, compadecendo-se delia, bradando, clamando, como atravez do nebuloso pesadello de um sonino ou de brumas de luar, o o seu nome meio velado, meio sonhado e soluçante: Lúcia, Lúcia, Lúcia — como o consolo da Sombra, como a piedade doMysterio, como a clemência do Vago: Lúcia, Lúcia, Lúcia!

O seu côração agoniado vibrava com mais vehemencia, com mais Ímpeto, com mais febre, n′um profundo êxtase de sojffrimento; e os seus amortecidos olhos, turvados pela névoa das lagrimas, espiritualisavam-se, languesciam, como n′um torpor comatoso e ella então voltava,