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Não podes vir da raiz viva e violenta de uma sensação, da agudeza de uma Causa, da livre enunciação de um phenomeno porque o Asinino também vem de lá, também de lá procede, também de lá se origina. Não ha originalidades subjectivas, clama o Asinino, não ha o puro sentir, o novo sentir, o excepcional sentir! Tudo já passou depurado pelo meu organismo, que é o crysol das purificações, clama o Asinino.

Vida do eu visual, do eu olfactivo, do eu mental, do eu sensível, faz vida original, faz vida de temperamento, portanto, vida ingenitamente particular e nova, dirás tu na perfectibilidade da tua visão.

Mas, o Asinino, que é a Rotina secular, que é a Regra universal, argumenta com pedras em vez de argumentar com sentimentos, com emotividades, com ductilidades e mysterios de alma.

Nuances novas de alma, caminhos não explorados no mundo do Pensamento, certos segredos e transfigurações, rumos inéditos, paragens de uma inaudita melancholia, tudo é parallellamento julgado pelo Asinino, que logo estabelece para as relações de cada caso especial a mesma esphéra de acção de múltiplos casos diversos.