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Primeiro féretro
Anna


Alma de collegial que se fizésse, de repente, irmã de caridade, Ah! essa éra, com effeito, irmã da minha vida e tinha caridade de mim. Fazia meditar n'um destes seres obscuros que morrem sem nunca ninguém lhes penetrar o segredo.

Ella mesmo morreu como uma tarde elysea vagueiada de pássaros: — no outomno da castidade, intacta natureza que o Nada devorou sem piedade, reclusa e triste, só, no ascetério da sua fé, penitente da carne, monja sem mancha.

Paréce-me ainda vêl-a no féretro, a fronte livida, que os longos e meigos, fagueiros cabeilos auréolavam. E'ra como se um cortejo de aguias, em alas, a levasse pelo Azul, emquanto o seu alvo corpo em flor e gelado ia virginalmente, para sempre, dormindo...

Paréce-me ver no seu olhar se reflectir ainda, talvez do fundo claro da Eternidade, este pensamento cândido: ó innocente alegria da Infancia, graça côr de rosa e ingenua dos tempos, para onde te exilaste? E'ram olhos, os seus, onde vagava a harmonia cantante dos claros rios, e a frescura dessa ingénita bondade que florésce instinctivamente e expontaneamemte nas almas,