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apenas meus lábios se moviam para gritar, um soluço estrangulador guilhotinava- me a voz, desarticulava-me a lingua e apenas rouco, surdo, absurdo som inintelligivel, como o grunhido animal de um mudo, rolava, arrastava, rangia áspera, pedregosamente na garganta o seu torvo tartamudismo.

Parecia-me que se eu gritasse, se abalasse a athmosphera com grandes e longos brados, talvez que o Phantasma, assim arrebatado, assim repellido, assim violentamente sacudido pelos gritos, se atterrorisasse e desaparecesse...

Parecia-me que esses gritos de terror sobrepujariam, venceriam afinal o allucinante Phantasma, que éra o próprio terror...

Mas ao mesmo tempo, temia que esses gritos, como um vento sinistro que levanta, torna mais intensas as chammas de um incêndio, dispertassem, accordassem de repente com impetuosidade, com estranha vehemencia, a vida insana, estupenda, que eu imaginava estar nebulosamente dormindo lá dentro, lá bem no fundo mysterioso desse Phantasma.

E a Sombra buscava-me, caminhava para mim resolutamente!

Por um phenomeno singular da visão, que os nervos super-esthesiavam, eu a via, ora perto,

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