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E, então, assim, infinitamente triste, réprobo, maldito, secular Ashaverus do Sentimento, de martyrio em martyrio, de perseguição em perseguição, de sombra em sombra, de silencio em silencio de desillusão em desillusão, irei como que lentamente subindo por sete mil gigantescas escadas em confusas espiraes babélicas e labyrinthicas, como que feitas de sonhos. E essas sete mil escadas babylonicas irão dar a sete mil portas formidáveis, essas sete mil portas e essas sete mil escadas correspondendo, como por provação das minhas culpas, aos sete peccados mortaes.
E eu baterei, por tardos luares mortos, baterei, batei′ei sem cessar, cheio de uma convulsa, afflictiva anciedade, a essas sete mil portas — portas de mármore, portas de bronze, portas de pedra, portas de chumbo, portas de aço, portas de ferro, portas de chamma e portas de agonia — e as sete mil portas sete mil vezes tremendamente fechadas a sete mil profundas chaves seguras, nunca se abrirão e as sete mil mysteriosas portas mudas não cederão nunca, nunca, nunca!...
N′um movimento nervoso, entre desolado e altivo, da excelsa cabeça, como esse augusto agitar de jubas ou esse nebuloso eítremecimemto