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— Rezar muito, pedir ao Cêo perdão para os peccadores, alliviar os pobres e trazer Deus dentro de si, como uma força de alegria — acerescentou Dinah — é bem uma tarefa divina.

— Esta sim, é visão branca, é toda do Céo — disse João, abraçando-a.

— E' piedosa e pura, será “Soror Angelica” — replicou Ladice.

— Não exaggerem; apenas tenho muito bons desejos — explicou ella.

— Quando tomarás o vêo? — indagou-lhe João.

— Não sei, mais tarde; ainda não tenho licença; é preciso preparar de manso...

— E' uma impiedade calcar com a fé a exuberancia de uma seiva moça. Não te perturba a certeza de que o teu eu, a tua raça, acabará comtigo, que além de ti nada mais haverá de ti? — interrogou seu primo.

— Não cogito dessas questões... não me interessam; obedeço a uma vocação poderosa — retorquiu elia, embaraçada.

— Que coisa esplendida ser a ultima de uma geração, a ultima de si mesmo... Levar para a terra todos os fins...— exclamou Ladice.

— Tu, Ladice, serás mãe — sentenciou-lhe João, abrupto.

— Que tolice; tens cada ideia!—E a virgem enrubescendo, baixou os olhos, envergonhada.

— Por que este gesto? Aos dezoito annos já pódes ouvir essas palavras... — verberou elle, segurando-lhe o pulso.