— Toma, leão duma figa! Toma... e pregava-lhe valentes lambadas.


Quem vestir pele de leão, nem zurre nem deixe as
orelhas de fora.

— Bravos! gritou Pedrinho batendo palmas. Está aí uma fabula que acho muito pitoresca. Gostei.

— Pois eu não gostei, berrou Emilia, porque trata com despreso um animal tão inteligente e bom como o burro. Por que que esse fabulista fala em “estupida creatura?” E por que chama o pobre burro de “animalejo?” Animalejo é a avó dele...

— Emilia! repreendeu dona Benta. Mais respeito com a avó dos outros.

— E’ que não suporto essa mania de insultar um ente tão sensato e precioso como é o burro. Quando um homem quer xingar outro, diz: “Burro! Você é um burro!” e no entanto ha burros que são verdadeiros Socrates de filosofia, como o Conselheiro. Quando um homem quiser xingar outro, o que deve dizer é uma coisa só: “Você é um homem, sabe? Um grandississimo homem!” Mas chamar de burro é, para mim, o maior dos elogios. E’ o mesmo que dizer: “Você é um Socrates! Você é um grandississimo Socrates...”

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