respeito da doença que abate o animo do meu querido rei. E não perdi a viagem, visto como trago a unica receita capaz de produzir melhoras na real saude de Vossa Majestade.

— Diga lá o que é, ordenou o leão, já calmo.

— E’ combater a frialdade que entorpece os vossos membros com um “capote de lobo”.

— Que é isso?

— Capote de lobo é uma pele ainda quente de lobo escorchado na horinha. E como está aqui mestre lobo, súdito fiel de Vossa Majestade, vai ele sentir um prazer imenso em emprestar a pele ao seu real senhor.

O leão gostou da receita, escorchou o lobo, embrulhou-se na pele fumegante e inda por cima lhe comeu a carne.

A raposa, vingada, retirou-se, murmurando:

— Toma! Para intrigante, intrigante e meio..


— Bem feito! exclamou Emilia. Essa raposa merece um doce. E com certeza o tal lobo era aquele que comeu a avó de Capinha Vermelha...

— Boba! Aquele foi morto a machadadas pelo lenhador, disse Narizinho.

— Eu sei, tornou Emilia, mas nas historias a matança nunca é completa. Nunca o morto fica bem matado — e volta a si outra vez. Você bem viu no caso do Capitão Gancho. Quantas vezes Peter Pan deu cabo dele? E o capitão Gancho continua cada vez mais gordo e ganchudo.

— Por que é, vóvó, que em todas as historias a raposa sai sempre ganhando? quis saber Pedrinho.

— Porque a raposa é realmente astuta. Sabe defender-se, sabe enganar os inimigos. Porisso, quando um homem quer dizer que outro é muito habil em manhas, diz: “Fulano de Tal é uma verdadeira raposa!” Aqui nesta fabula você viu com que arte ela virou contra o lobo o perigo que a ameaçava. Ninguem pode com os astutos.

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