A Cigarra e as duas Formigas


I — A FORMIGA BOA

Houve uma jovem cigarra que tinha o costume de chiar ao pé dum formigueiro. Só parava quando cansadinha; e seu divertimento então era observar as formigas na eterna faina de abastecer as tulhas.

Mas o bom tempo afinal passou e vieram as chuvas. Os animais todos, arrepiados, passavam o dia cochilando nas tocas.

A pobre cigarra, sem abrigo em seu galhinho seco e metida em grandes apuros, deliberou socorrer-se de alguem.

Manquitolando, com uma asa a arrastar, lá se dirigiu para o formigueiro. Bateu — tic, tic, tic...

Aparece uma formiga friorenta, embrulhada num chalinho de paina.

— Que quer? perguntou, examinando a triste mendiga suja de lama e a tossir.

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