Página:Fausto Traduzido por Agostinho Dornellas 1867.djvu/22

De maravilhas ver. Sei por que modo
O publico favor ganhar se logra,
Mas em tal embaraço nunca estive,
Não 'stam affeitos ao melhor, é certo,
Mas, por meu mal, tem lido immensamente.
Que havemos de fazer, p'ra que pareça
Bem novo tudo, de conceitos rico
E demais, agradavel? Porque quero
Que á nossa casa corra a turbamulta
Em torrente compacta, e com arrancos
Repetidos, profundos, se comprima
Junto á porta de entrada; que de dia,
Ainda antes das cinco se dispute,
Á força d'encontrões; um logarsinho
Ao pé do bilheteiro, e como em tempo
De fome à porta dos padeiros, quebre
O povo a cara pra alcançar bilhete.
Tal milagre entre gente tão diversa
Faz o poeta— Amigo, opera-o hoje.

 
POETA

Não me falles da turba variegada,
A cuja vista o espirito nos foge.
Esconde-me o tropel tumultuoso,
Que ao abysmo nos quer, máo grado nosso,
Violento arrastar. Tu me transporta
A placido asylo onde somente
Pode pura alegria achar o vate,