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Melancolico pasto as almas ternas.
Agora este se move, agora aquelle
E todos veem o que no peito escondem.
Inda podem mover-se a pranto ou riso,
Os arrojos do genio inda respeitam
E brilhante apparencia lhes agrada.
Já não ha contentar um homem feito,
Mas sempre vos é grato o adolescente.

 
POETA

Pois esse tempo restitue-me em que era
Adolescente eu mesmo, e caudalosa
Fonte perenne de canções manava
Sem cessar de meu peito; densa nevoa
O mundo m'involvia e maravilhas
Promettia o botão desabrochando,
Quando as flores innumeras colhia
Que nos valles frondosos vecejavam.
Opulento me cria; nada tendo
Mais que amor da verdade, e doce apego
Ás illusões da vida. Esses impulsos
Ardentes, livres, restitue-me agora;
Dá-me os deleites fundos e pungentes,
A força de odiar, de amar a força,
Oh torna-me de novo á mocidade!

 
GRACIOSO

A mocidade has tu mister, amigo,