Que aos sentidos mentem, esses sonhos
De gloria, e de nome immorredouro.
Maldictos sejam bens com que a fortuna
Nos affaga a avareza, as terras pingues,
O arado que as sulca, a mão que o guia!
Affeições de familia, esposa, prole,
Sede maldictos ; sê maldicto Mammon,
Que a emprezas audazes nos incitas
Com teus thesouros vis, e em ricas sallas
Fofos coxins para a indolencia apprestas.
Succo fervente de purpureos cachos,
Gosto summo de amor, sede maldictos.
Maldicta seja a esp'rança, a fé maldicta,
E mil vezes maldicta a paciencia!
Ai, ai,
Destruiste
O mundo tão bello,
Com mão attrevida;
La cae derrocado!
Em terra um semideus o tem prostrado.
Nós tristes levamos
Ao nada os destroços,
Saudosos choramos
Perdida belleza.
Mortal poderoso,
Fal-a reviver;