RICHARD BARBROOK

momento em que a invenção da inteligência artificial e o advento da sociedade da informação estavam ainda a algumas décadas de distância. O presente está em constante mudança, mas o futuro imaginário é sempre o mesmo.

Por viverem em sociedades pré-modernas, tanto Aristóteles quanto Muhammad Ibn Khaldûn observaram ciclos históricos semelhantes. O lento passo da evolução social limitou o impacto dos levantes políticos. Modificado o sistema, o presente foi forçado a repetir o passado.[15] Segundo os gurus do pós-modernismo, esse fenômeno do tempo circular retornou no final do século XX. Desde o iluminismo, “a grande narrativa” da história impôs a lógica do progresso sobre a humanidade.[16] Porém, concluído o processo de industrialização, esses filósofos acreditaram que a modernidade perdera a sua força motriz. O tempo linear tornara-se obsoleto. Para os pós-modernistas mais pessimistas, esse renascimento do tempo cíclico comprovou que não poderia haver nenhum futuro melhor. À evolução histórica havia terminado. À inovação cultural era impossível. O progresso político parara. O futuro não é nada mais do que “o eterno retorno” ao presente.[17]

No momento em que o conceito de pós-modernismo foi inicialmente proposto, em meados dos anos 1970, seus pais fundadores argumentaram que a disseminação das tecnologias de informação seria a responsável pela emergência desse novo paradigma social. Jean-François Lyotard afirmou que a fusão dos meios de comunicação, computação e telecomunicações afastaria as estruturas ideológicas e econômicas da era industrial.[18] Jean Baudrillard denunciava a nova forma de dominação imposta pelo poder hipnótico da fantasia audiovisual sobre a imaginação pública.[19] Ironicamente, ainda que ambos os filósofos fossem críticos do tecno-otimismo, suas análises requeriam uma crença acrítica nas profecias da alta tecnologia da Feira Mundial de Nova Iorque. O futuro do modernismo dos anos 1960 explicou a presença do pós-modernismo nos anos 1970. Como

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