O SÉCULO ESTADUNIDENSE

em maquinário aumentaram a produtividade de seus empregados. O desenvolvimento de novos produtos criou mais consumidores para suas empresas.[37] Dentro do Palácio de Cristal, os frutos desse novo sistema econômico estavam expostos. O livre comércio criou as condições para a manufatura de suas maravilhosas exposições. A industrialização forneceu tecnologias avançadas para a construção de um império global. Ao mesmo tempo, essas exposições dentro do Palácio de Cristal sistematicamente ignoravam o trabalho das pessoas que as haviam produzido. Os vestidos de seda não denunciavam nenhum traço dos horrores dos locais de trabalho semi-escravos onde eram fabricados. As vidrarias da Irlanda não continham nenhuma lembrança da fome na Grã-Bretanha, que recentemente dizimara a classe camponesa do país.[38] Assim como no mercado, as maravilhas dos produtos eram mais importantes do que as condições daqueles que os produziam na Grande Exposição. Expor publicamente era — paradoxalmente — o método mais eficaz de encobrimento social.[39]

A modernidade inglesa foi demonstrada com a ênfase da Grande Exposição nos produtos e não nos produtores. Para a primeira nação industrial, os bens materiais não eram somente símbolos de status social. As pessoas agora deveriam interagir umas com as outras por meio das coisas: mercadorias, dinheiro e capital. A distribuição e a divisão do trabalho por meio da economia eram reguladas com preços e salários estabelecidos na competição de mercado. Entretanto, o legado da aristocracia não terminou com as regras de classe na Inglaterra. Com a compra e a venda do trabalho na economia capitalista, a igualdade dentro do mercado resultou na desigualdade dentro do local de trabalho.[40] Como as mercadorias eram trocadas por outras de valor equivalente, essa nova forma de domínio de classe era muito diferente de sua predecessora. A exploração indireta havia substituído a dominação direta. Sob o capitalismo liberal, os movimentos impessoais dos mercados agora determinavam o destino

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