S. BERNARDO
27

nho no riacho e dormia. Dormia demais, porque receava encontrar o Mendonça.

— Faça preço.

— Aqui entre nós, murmurou o desgraçado, sempre desejei conservar a fazenda.

— Para que? S. Bernardo é uma pinoia. Falo como amigo. Sim senhor, como amigo. Não tenciono ver um camarada com a corda no pescoço. Esses bachareis têm fome canina, e se eu mandar o Nogueira tocar fogo no binga, você fica de sacco nas costas. Despesa muita, Padilha. Faça preço.

Debatemos a transacção até o lusco-fusco. Para começar, Luiz Padilha pediu oitenta contos.

— Você está maluco! Seu pae dava isto ao Fidelis por cincoenta. E era caro. Hoje que o engenho cahiu, o gado dos vizinhos rebentou as porteiras, as casas são taperas, o Mendonça vai passando as unhas nos babados...

Perdi o folego. Respirei e offereci trinta contos. Elle baixou para setenta e mudámos de conversa. Quando tornámos á barganha, subi a trinta e dois. Padilha fez abate para sessenta e cinco e jurou por Deus do ceo que era a ultima palavra. Eu tambem asseverei que não pingava mais um vintem, porque não valia. Mas lancei trinta e quatro. Padilha, por camaradagem, consentiu em receber sessenta. Discutimos duas horas, repetindo os mesmos embelecos, sem nenhum resultado.