Bambeava para me dirigir ao dr. Magalhães quando Costa Brito voou para cima de mim, numa carta, com a intenção de avançar-me em duzentos mil reis.

Costa Brito tinha virado. A “Gazeta”, que sempre louvara furiosamente o governo, fugira para a opposição, por causa dum emprego de deputado estadual, e achava a administração publica desorganizada, entregue a homens incompetentes. A nós que votavamos com o partido dominante, mas não eramos peixe nem carne — queixumes, nariz torcido, modos de enjoo. Da minha ultima viagem á capital, em troca duma noticia besta de quatro linhas, o director da “Gazeta” ainda me lambera cincoenta mil reis, no café, bebendo cerveja com indignação:

— Querem jornal de graça. Para o inferno! A vida inteira escrevendo como um condemnado, mentindo, para esses mocos subirem! Só a despesa que se tem! só o preço do papel! E na eleição, coice. Nem uma porcaria, uma desgraça que qualquer prefeito analphabeto consegue com facilidade. Querem elogios. Está aqui para elles.

Eu não precisava do Brito, mas passei o dinheiro, em attenção a serviços prestados anteriormente e porque não gosto de quéstões com gente de imprensa. Depois alludi á crise e dei a entender que não continuava a sangrar.

Mas o Brito tem barriga de ema: desprezou o aviso e mandou-me diversas cartas, as primeiras