que já vos mereci, e antes nunca o merecesse, por vosso bem e meu sossego, interceda ele em meu favor para que obtenha de vossa crueldade, essa mercê.

Devorou a moça com os olhos primeiro, depois com um alívio de beijos, a carta; e cerrando-a entre as mãos cruzadas, levantou para a Virgem uma prece eloqüente, ainda que muda. Outro pensamento, porém, a reclamou; desejava responder; e as dificuldades lhe ocorriam à mente.

Atualmente, não há mocinha de dez anos - outrora se chamavam meninas às de vinte - não há, dizia eu, bonecrinha de carne e osso, que não tenha sua papeterie com papel de vários tamanhos, desde o de palmo para cartas de negócio até o de polegada para os bilhetinhos açucarados. E não só papel como sobrecartas, fechos emblemáticos, lacres perfumados, penas diamantinas, areia de ouro, enfim todo o arsenal de ninharias indispensável à ciência epistolar, a mais transcendente e sublime deste século.

A bem dizer, a carta é a mais poderosa alavanca do progresso: nem o jornal lhe chega. Quem se propusesse a estudar sua fisiologia e sistemar as espécies de que são principais a carta de empenho, a circular dos