desviado do bom caminho pelo mau conselho dos que o cercavam.

Era João Cavalcanti naquele tempo o chefe da grande família Cavalcanti, que em Pernambuco data da fundação da colônia, e provém de troncos nobilíssimos; pela linha materna saíram da estirpe dos Coelhos e Albuquerques, flor da fidalguia portuguesa, e pela linha paterna remontam a Arnaldo Cavalcanti, que se aliou na casa dos Médicis, a mais ilustre de Florença; de cuja linhagem nasceu Filipe Cavalcanti que se passou a Pernambuco, nos primeiros tempos da povoação.

De grandes posses, senhor de muitos engenhos, vivendo à lei da grandeza, com todos os regalos da vida; bravo, cortês e generoso, embora presumido de sua fidalguia; liberal até à prodigalidade, de bolsa aberta sempre para quem a ele recorria: era de razão que tivesse o capitão-mor grande séquito não só entre os moradores nobres, como na gente miúda da terra.

Não havia, entre os mazombos insignes daquele Pernambuco, outro mais acatado do que este, e tão poderoso; pois só com os seus escravos e os acostados de seus engenhos, sem falar das suas ordenanças e dos inúmeros sequazes que tinha pelos povoados,