maiores que nos levaram à forçosa necessidade de despedirmos desta terra o mau ministro que lhe pôs por governador. O manifesto, senhores e parentes, aqui o tenho já; fê-lo a rogo meu, nosso amigo, o licenciado Davi de Albuquerque.

Abriu então André de Figueiredo o rolo de papel que tinha fechado na mão esquerda enquanto falava; e mostrou em roda o manuscrito, do qual se preparava a dar leitura aos circunstantes.

Nesse momento o bacharel Uchoa, que ouvia ao capitão com um sentido grave e atento, enfrestou por cima das vidraças um olhar significativo a D. Lourença, e temperando ao de leve a garganta, propôs-se a dar seu voto:

— Senhores meus e respeitáveis parentes, aqui reunidos à sombra do venerável chefe de nossa família, disse o bacharel fazendo com a cabeça a vênia do costume ao capitão-mor, que já então se achava em perfeita diagonal. Ninguém que tenha meditado as cousas do governo, como elas merecem, desconhecerá a verdade de quanto expôs nosso primo, Capitão André de Figueiredo, e a urgência do mal que pede remédio pronto; pois se lhe tardamos com ele, é perder logo toda esperança de cura.