na ribeira do Recife alguma cousa. Reparando nessa distração, voltou-se o Pisca-Pisca e logo percebeu-lhe a causa.

Havia daquela banda do bairro uns muros de quintais com serventia para a praia. O sol, transmontando, projetava larga sombra ao longo da parede. Aí, na zona opaca, um sujeito ia e vinha em continuo giro, a não ser que o interrompia acercando-se do muro e gesticulando, como se estivera com ele em prática animada.

— O Lisardo!...

Murmurou o escrevente este nome com um meio sorriso de mofa, pronto a se transformar de súbito em sorriso de prazer. Tudo neste rapaz era assim dúplice. Nos olhos, como nos lábios, sua alma só apresentava-se aos outros de perfil, para que não lhe vissem a divergência das duas faces.

— Psiu!... Psiu!... fazia no entanto Nuno agitando a mão.

— É debalde!... acudiu o Pisca-Pisca zombando.

— Vamos bulir com ele?

— Já vai sendo tarde, e tenho de voltar a Olinda antes de Trindades.

— Qual! para o escurecer ainda falta muito. Toca a avançar... Lança em riste. Arranca!