— Está dito. Faça o que lhe mando, e conte com o oficio, que se há de arranjar.

Feita a avença, o Cosme Borralho recebeu as últimas recomendações da Senhora Rufina, e como fosse uma dessas a presteza, botou-se a rótula para ganhar a rua.

— Espere lá, moço! E a trova? disse a mulher do almotacé.

— Pois a senhora não me deu para a levar? perguntou o escrevente espantado e metendo a mão no peito da garnacha onde guardara o papel.

— Dei, sim; mas é que a gente fica sem saber o verso, e depois, como se há de espalhar?

— Tira-se uma cópia.

Sacou o Pisca-Pisca do bolso da garnacha um desses tinteiros portáteis, feitos de chifre, como usavam então, e ainda se viam nas escolas pelos princípios deste século. Consistiam em uma boceta alta, que tinha no tampo um canudo onde se introduzia a pena para molhar-lhe os bicos.

Os outros petrechos de escrever, trazia-os também naquele bolso, que era uma carteira ambulante. Só a pena, aquela faceira pena com a rama matizada de várias cores, estava ali provisoriamente, pois o seu lugar era na orelha direita onde fazia as vezes de insígnia ou bandeira.

Mas tendo de pôr-se à fresca, segundo a versão