teriamos lançado sobre o seu corpo tições, entulho e pedras; e comtudo coroaram-n'a como virgem, e flores cobriram a sua campa, e o tanger do bronze sagrado acompanhou-a á sua ultima morada.
Então nada mais se póde fazer?
Mais nada; profanariamos o rito sagrado se entoassemos um requiem, ou se implorassemos para ella o repouso destinado ás almas que voaram ao céu santamente.
Seja pois o seu corpo depositado na campa, e possam d'elle e da sua carne, pura e sem manha, desabrochar violetas! Sou eu que t'o digo, padre sem alma, minha irmã gosará no céu a bemaventurança eterna, emquanto que tu extorcer-te-has no inferno nas convulsões do supplicio dos condemnados.
Que? É pois a bella Ophelia?
Flores para esta joven flor. Adeus! Esperava ver-te esposa do meu Hamlet; contava, encantadora donzella, enfeitar o teu leito nupcial; nunca pensei espargir flores sobre a tua sepultura.
Oh! que uma triplice e dez vezes triplice maldição cáia sobre a cabeça do scelerado que commetteu tão negra acção, e provocou a perda da sua rasão. Esperem que, antes que a terra a cubra, a estreite mais uma vez nos meus braços (salta para dentro da cova). Agora enterrem conjunctamente vivos e mortos, elevem sobre nós uma montanha que exceda em altura o antigo Pélion, ou o azulado Olympo, cujo cimo vem beijar as nuvens.
Quem é que na sua dor se exprime com tanta emphase; cuja voz detem os astros no seu giro, attonitos de o ouvirem? Sou Hamlet, o dinamarquez! (Arremessa-se á cova.)