— O senhor que tem melhor vista, disse o acadêmico, desengane-me; aquela moça que ali está, naquele camarote, não é a andorinha viajante?
— A andorinha viajante? repetiu Mendonça, olhando para ele; que quer dizer esse nome?
— É a alcunha da irmã de Estácio. Será ela que está ali, com uma senhora idosa?
— Mas por que lhe chamam assim?
— Eu sei! Naturalmente porque sai à rua todos os dias. Na verdade, é um passear! Mal amanhece, lá vai trepada no cavalinho, com o pajem atrás...
— Quem lhe pôs essa alcunha?
— As alcunhas são como as mofinas: não têm autor.
Caíra o pano; Mendonça despediu-se ali mesmo e saiu. Na rua repetiu mentalmente as palavras do jovem acadêmico. Ao cabo de alguns minutos, sorriu; compreendera que, apenas suspeitada a sua felicidade, já a inveja lhe deitava na taça uma gota de veneno. Ergueu os ombros, resoluto a suportar tranqüilo essa lívida companheira do êxito.
Guiou para casa, onde entrou pouco depois. Helena volvera a ocupá-lo exclusivamente. Só, na alcova de solteiro, inventariou os acontecimentos daquele