Estácio não escutou a história com a atenção que a moça desejara; limitou-se a ouvir a voz de Eugênia, que era na verdade angélica. Alguma coisa porém lhe ficou; e quando ela pôs termo às suas queixas:
— O que me parece, observou o sobrinho de D. Úrsula, é que não valia a pena brigar por tão pouca coisa...
— Pouca coisa! exclamou Eugênia. Parece-lhe pouco chamar-me caprichosa e de mau gosto?
— Fez mal, se o disse, em todo o caso...
Estácio fez uma pausa e continuou a andar. Eugênia esperou que ele continuasse o que ia dizer; mas o silêncio prolongou-se mais do que era natural.
— Em todo o caso? repetiu a moça erguendo para ele os olhos límpidos e curiosos.
— Eugênia, disse Estácio, quer saber a verdadeira razão do mau sucesso de suas afeições? É deixar-se levar mais pelas aparências que pela realidade; é porque dá menos apreço às qualidades sólidas do coração do que às frívolas exterioridades da vida. Suas amizades são das que duram a roda de uma valsa, ou, quando muito, a moda de um chapéu; podem satisfazer o capricho de um dia, mas são estéreis para as necessidades do coração.