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tavam a Europa[1]. Deram-se instrucções a Alvaro Mendes de Vasconcellos, o qual acompanhava o imperador como representante da corte portuguesa[2]. Os serviços que a armada de Portugal fizera na empreza de Africa e a estreita amizade que Carlos v contrahira com o infante D. Luiz eram, além dos instantes rogos de D. João iii, motivos poderosos para impellirem o imperador a entrar seriamente nesta questão. Os factos tinham provado que, a não ser a intervenção do monarcha hespanhol, nenhum expediente havia seguro para vencer na contenda, e quanta razão tinha D. Henrique de Meneses quando, no principio da sua embaixada, inculcava a efficacia daquelle meio, que o seu astucioso collega fingia considerar como inconveniente.

Mas emquanto se preparava o novo terreno para o combate, o negocio seguia cada vez mais rapidamente o pendor que havia tomado.

  1. Pallavicino, Istor. del Concil. di Trento, L. 3, c. 19. — Carta de D. Martinho de 13 de setembro de 1535, na G. 2, M. 2, N.° 50.
  2. E' o que se deduz da carta de Alvaro Mendes de 27 de dezembro de 1536 (aliás 1535, porque o anno se começava então a contar no dia de natal), na G. 2, M. 5, N.° 53. C. de D. Martinho de 13 de setembro de 1535, l. cit.