numa situação difficilima: todavia D. Pedro Mascarenhas, com a presença de espirito que o caracterisava, soube evitar o escolho. Longe de recorrer a desculpas submissas, adoptou a linguagem da dignidade offendida. Interrompendo o papa, como representante da coroa portuguesa, exigiu delle que mandasse immediatamente pôr a ferros o miserável que ousava com tão grosseira mentira calumniar um infante de Portugal, attribuindo-lhe actos de salteiador. Fora, na sua opinião, a Providencia quem trouxera a Roma em tal tempo aquelle embusteiro, para que sua sanctidade se convencesse de que tudo quanto os christãos-novos allegavam era uma serie de mentiras e aleivosias, e para elle lhe poder declarar francamente que o motivo que levava á curia romana aquelle desgraçado era solliciter a execução da bulla de 12 de outubro. Narrou então o procedimento de Capodiferro antes de sair de Lisboa, como se Paulo iii o ignorasse, e asseverou-lhe que esse homem vinha encarregado de pagar em Roma as sommas recusadas em Lisboa, ao nuncio. Pelo menos, dizia-se isto, e os indicios justificavam a voz publica; porque, aliás, seria inexplicavel como um diploma tão importante e que sua sanctidade mandara expedir sem