tivesse na sua origem motivos mais ou menos ignobeis, cumpre confessar que o breve de 22 de junho era, na substancia e na fórma, digno do chefe da igreja. Attribuindo-o a inspiração do cardeal da Silva, D. João iii, sem o querer nem saber, honrava o foragido prelado, que tão cordealmente aborrecia[1]. As razões do papa quebravam os animos para se obstar seriamente ás averiguações que o nuncio tinha missão de fazer, e a necessidade de transigir nesta parte devia tornar-se evidente. Naturalmente occorriam ainda outras considerações. Por uma parte não convinha suscitar novos conflictos que complicassem a questão, de modo que ella houvesse de ser levada ao concilio que ía proximamente reunir-se. Era uma das cousas que, como vimos, elrei mais temia. Por outro lado, ainda quando a questão não chegasse a esses termos, cumpria evitar todos os incidentes que podessem impedir ou retardar as negociações pendentes na curia.
- ↑ «Cujo estylo (o do breve de 22 de junho) parece mais do bispo de Vizeu que dalgum seu official, ou ao menos que foi no fazer delle»: Minutas de cartas d’elrei a Simão da Veiga e a B. do Faria de setembro de 1545, na Collecç. do Sr. Moreira, Quad. 4.