Mas Emilia não queria largar do binóculo, de modo que a ele se agarrou com unhas e dentes. E como o menino também viesse ajudar Narizinho, o puxa-que-puxa escangalhou com o periscópio. Quando conseguiram desgrudar Emília e foram espiar, não viram coisa nenhuma, "e me vai dar um trabalhão para reconstruí-lo" — disse o Visconde.
— Que pena! — Exclamou Pedrinho muito desconsolado. — Tanto que eu queria ver também e a "peste" não deixou...
Emília, com medo da indignação geral, tinha subido à pitangueira como uma macaquinha, e lá estava a comer pitangas e a jogar os caroços na cabeça dos outros. O caso era de uma boa surra, mas como só a ex-boneca havia visto os sacis e todos estavam ansiosos por ouvir todas as informações possíveis sobre essas invisíveis criaturinhas, o remédio foi engolir a "gana de esganá-la" e vieram com agradinhos.
— Emília, desça, venha ver que linda borboleta azul sentou aqui — gritou Narizinho.
— E este vaga-lume dos grandes que eu achei — gritou Pedrinho.
Até o Visconde adulou-a, dizendo: Em menos de meia hora conserto o periscópio. O estrago foi menor do que pensei.
Emília afinal desceu, ainda com uma pitanga na boca. Desceu e começou:
— O remédio, agora que não há mais periscópio, é se contentarem com o que eu vi.
— Conte, conte o que você viu, amor! — pediram todos, trincando os dentes.
E ela, muito lampeira:
— Eram sete sacizinhos que moravam em sete chapéus-de-sapo, cada qual mais espertinho, e marotinho, e engraçadinho...
Tia Nastácia, que ia passando com os temperos colhidos na horta para o jantar, sacudiu a mão em gesto de palmada.
— E não vai também umas palmadinhas no traseirinho?
Emília botou-lhe um palmo de língua.