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Capítulo IV

Gregório de Matos

Do grupo baiano o mais conhecido, o mais interessante e curioso e ainda, em suma, o mais distinto, é Gregório de Matos. Se, como parece, são realmente suas as numerosas composições métricas que, em cópias do século XVIII, chegaram até nós, foi ele também o nosso mais copioso poeta dos tempos coloniais. Há vários volumes manuscritos de obras suas. São umas sérias, outras satíricas e burlescas, a máxima parte aliás, mais burlescas do que satíricas. São estas não só as mais porém as únicas conhecidas, tanto dos historiadores da nossa literatura como do vulgo dos letrados.

Da porção séria da obra de Gregório de Matos não julgaram aqueles dever ocupar-se. Deste descuido resultou uma noção imperfeita e uma idéia errada do poeta. Fizeram dele um herói literário, um precursor do nosso nacionalismo, um antiescravagista, um gênio poético, um repúblico austero, quiçá um patriota revoltado contra a miséria moral da colônia. Houvessem procurado conhecer a parte não satírica de sua obra, ou sequer lido atentamente a parte satírica publicada, 6 única que conheceram, haveriam escusado cair em tantos erros como juízos.