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ao longe, era pessoa de distinção; cavalgava possante e garboso animal, e acompanhava-o um camarada tocando um cargueiro com canastras. Paulina, que já se havia levantado e ia-se recolher, deteve-se alguns minutos para reconhecer quem era o viandante. Como vinha marchando com muita rapidez, este não levou muito tempo a chegar à porteira do curral. Quando curvou-se sobre o animal para correr a tramela e abrir a porteira, gritando – dá licença,– pela voz e pela figura logo o reconheceu; já antes seu coração lho estava adivinhando. Era ele! era Eduardo!

Só Deus sabe quanto esforço foi preciso à pobre moça para manter-se em pé, e saudar convenientemente o cavaleiro, que entrava. Comprimentou-o, todavia, dominando do melhor modo que pôde a sua perturbação, convidou-o a apear-se e a subir para a varanda, e a muito custo com passos trêmulos e vacilantes o foi acompanhando.

As faces de Paulina, onde há longo tempo não assomava nem o mais leve rubor, se incenderam de repente, e converte­ram-se em duas rosas purpúreas; o lado principalmente, em que Roberto acabava de imprimir seus lábios, ardia-lhe como uma brasa viva. Considerava-se quase como uma amante infiel, e parecia-lhe que Eduardo estava vendo em sua face o