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A vida do muladeiro, por outro lado, é rude e trabalhosa; exige uma contínua vigilância, uma atividade incessante. O muladeiro quase que não larga os arrieiros senão para deitar-se e repousar algumas horas. Tanger manadas de milhares de mulas bravias através de imensos e inóspitos sertões por ma­tas, serradões e campinas abertas, rodeá-las, repontá-las e contá-las todos os dias de manhã e de tarde, além de outras muitas fadigas e cuidados inerentes a esse gênero de vida, é tarefa para acabrunhar as mais ativas e robustas organizações, e pouco ou nenhum tempo pode deixar para pensar em amores.

Não aconteceu assim a Eduardo, que, no meio da sedução de mil festins e prazeres, e a despeito de todas as fadigas e preocupações de seu afanoso negócio, nem um só dia se esque­ceu de Paulina. Bem pelo contrário tudo lhe rememorava a imagem dela, e a cada passo encontrava objetos, que lhe avi­vavam a saudade que o consumia. Uma bonita perspectiva, um curral, uma gameleira, que via em seu caminho, levava-lhe a imaginação para a fazenda de Joaquim Ribeiro e para junto de Paulina.

Se bem que não se descuidasse dos penosos misteres do seu gênero de vida, trabalhava como por hábito e maquinalmente, como quem se desencarrega