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Havia regozijos e festas de toda a espécie, muito luxo, comércio interior ativo, e o povo nadava na abundância.

E tudo isso por quê?

Porque naquela época o ouro por essas montanhas como que brotava à flor da terra.

O ouro era tão abundante, que os próprios pretos cativos, com as migalhas que escapavam das lavras de seus senhores, edificaram mais de um templo magnífico, que até hoje aí estão, e as pretas, quando iam às suas festas costumeiras, polvilhavam a carapinha com areia de ouro.

Mas em contraposição a tudo isso, o povo gemia debaixo da mais vil, da mais infamante escravidão.

O bem-estar material era grande; mas a degradação moral era profunda.

Ali sobre aquele morro se erguia o vulto sinistro e ameaçador da forca, que nunca se desarmava, e em que a um simples aceno da tirania, apenas com uma aparente forma de processo, se imolava tanto o criminoso como o inocente.

Acolá, no meio daquela praça pública, em face de um templo cristão, – como um sarcasmo vivo, – até bem pouco tempo se achava alçado o pelourinho, ainda mais infamante, em que o cidadão era azorragado publicamente, como o mais vil escravo.