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pertencerá. Não é mais o senhor, quem estorva esse casamento, senhor Eduardo; sou eu que não o quero. O senhor está desobrigado de seu juramento.

Roberto ficou fulminado com aquela terrível apóstrofe de seu tio; pálido e trêmulo não atinava com o que devia res­ponder, e ali ficaria assim por longo tempo, se Eduardo, to­mando a palavra, não viesse em seu auxílio:

– Não, senhor! disse Eduardo com voz firme; – não me considero desobrigado, enquanto ele mesmo não desistir; ela e o senhor deram-lhe um direito que sem quebra de leal­dade não lhe podem mais negar...

– Que louca teima, senhor Eduardo!... e assim Paulina morrerá...

– Não posso, senhor, não posso ser falso às cinzas de meu pai...

– Roberto, – disse o velho com voz suplicante, voltando-se para seu sobrinho, – Roberto, meu sobrinho, olha o que fazes. Tua prima está em risco de vida. Ela não te quer, e só te aceitava por marido por comprazer comigo; só o senhor Eduardo pode fazer a sua felicidade, só ele pode salvar-lhe a vida, que está por um fio. Roberto, tem piedade dela...

– Ai! que isto já me enjoa, e até me cheira a desaforo! –