Página:Historia e tradições da provincia de Minas-Geraes (1911).djvu/20

ninguém podia fazer mal, e que longe de excitar a cobiça, só poderia inspirar horror, o sentinela sentado no hão, recostado sobre uma pe­dra, e com a arma sobre os joelhos, deixava-se furtar do sono.

Um vulto todo rebuçado surge por entre as trevas, e se aproxima cautelosamente do tremendo poste.

Com uma comprida vara que trazia, faz saltar do poste a caveira, apanha-a rapidamente, e de novo desaparece com o favor das trevas e do nevoeiro.

Tudo isto foi feito com tal presteza, que quando o guarda, despertado pelo som rouco da caveira ao cair, deu fé do ocorrido, já era tarde. Viu apenas uma sombra engolfar-se e desaparecer através do nevoeiro.

Um instante depois o relógio da cadeia badalava meia­-noite.

O guarda contou que um fantasma de fogo, esvoaçando pelos ares, havia roubado o crânio, e desaparecera nas nuvens.

As sentinelas da cadeia atestaram o fato e o guarda do poste foi acreditado, e não sofreu castigo.


Não era mesmo para acreditar que o anjo do Brasil viesse reivindicar aquela relíquia veneranda do mártir da liberdade?...