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– Jupira, hoje é o dia! – bradou o índio lançando-lhe as mãos. – Hás de ir comigo ou hei de dar-te a comer aos peixes deste rio.

Jupira tremendo e transida de horror, deixou-se ficar muda e queda, como a corça que sentiu no cangote a garra aguçada da suçuarana.

– Vamos, Jupira!... desta vez eu te juro não me esca­parás mais.

– Sim, vamos, Baguari; – disse Jupira voltando-se do susto e recobrando sua natural coragem e resolução. – Devo ser tua; bem vejo que Tupã me destinou para ti, e que não me é possível por mais que faça escapar ao teu poder.

– Ah!... enfim!... ainda bem que o conheces. Acom­panha-me.

Falando assim Baguari a ia arrastando para a mata.

Presa à barranca estava uma canoa que aqueles indígenas, que já tinham alguma indústria e possuíam alguma ferra­menta, haviam fabricado.

– Não! para aí não! exclamou Jupira. – Minha gente não pode tardar a voltar, e ai de nós se nos encontrarem! matar-nos-ão a mim e a ti!... Entremos naquela canoa, va­mos para a outra banda, e fujamos para bem longe.

Não pareceu má a Baguari aquela proposta.