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Dessa não tenho eu medo. Jacaré aqui não há, que eu saiba.

Pensando assim, a moça nadava rapidamente para a mar­gem oposta, que era a que lhe estava mais próxima. Qual, porém, não foi o seu espanto, quando viu surgir diante de si a cabeça do travesso e petulante Carlito, soltando-lhe à cara uma estridente gargalhada. A cabocla deu um grito, sumiu-se de mergulho, e arrepiando carreira foi reaparecer no meio do rio, nadando rapidamente para a outra margem, onde tinha seus vestidos.

– Sossegue; não tenha susto, Jupira! – gritou-lhe Carlito. – Eu já me vou embora.

Jupira voltou o rosto, e com um gesto entre irado e risonho, que tanto se podia tomar por uma ameaça como por um convite, continuou a nadar. Carlito, que era estouvado e audacioso, atirou-se a nado em seguimento dela. Mas antes que pudesse alcançá-la, já ela tinha saltado à praia e agarrando suas roupas não havendo tempo para vesti-las, nelas embrulhou-se à pressa, e correu a embrenhar-se no mato sol­tando uns clamores, que mal se podia saber se eram gritos de terror ou risadas de prazer.

Carlito seguiu-a de perto, e um momento depois sumia-se também pelas brenhas atrás dela.

Os mistérios, que a cúpula frondente do bosque