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nos braços amorosos da feiticeira cabloca, começou a sentir cansaço, a enfastiar-se como o conviva repleto depois de uma longa noite de orgia. Pouco a pouco e sem o sentir ia escasseando suas carí­cias, e já não era tão assíduo e extremoso ao pé de sua amante. Jupira pelo contrário cada vez o amava com mais ardor, e seria capaz de passar a enternidade nos braços dele sem a menor quebra na exaltação de seus afetos. Doía-lhe cruelmente no íntimo da alma aquele resfriamento da paixão do moço; mas Jupira não sabia queixar-se, nem chorar.

Quantas vezes ia ela ao aprazível remanso do Rio Verde, onde costumava banhar-se, sítio favorito de suas furtivas entre­vistas, e ali ficava largo tempo sentada com a mão na face a olhar para o fundo límpido do rio a esperar em vão pelo remisso e frouxo amante, que não vinha!

Uma tristeza mortal lhe pesava sobre o coração, e cansada de esperar voltava para casa com a fronte baixa e a passos vagarosos.

– Que tens, Jupira?... o que estás aqui cismando assim tão triste?... disse-lhe Carlito um dia em que a encontrou naquela triste postura, pensativa à beira do rio.

– Ah! Carlito!... Carlito!... por que razão não me queres mais bem?...