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À vista disto faça-se idéia de como não ficaria o coração do pobre rapaz, quando viu instalar-se em casa de seu tio aquele belo e galhardo mancebo, debaixo de tão lisonjeiros auspícios, e rodeado do prestígio das extraordinárias e roma­nescas circunstâncias, que ali o trouxeram. O moço, além de seu nobre e belo porte, tinha maneiras as mais polidas e afáveis, e todas as qualidades próprias para inflamar o coração das moças, e atrair as simpatias dos homens, prescindindo mesmo desse ato de dedicação e coragem, que o tornara um ídolo aos olhos do dono da casa.

Considere-se tudo isso, e diga-se se o pobre Roberto tinha ou não carradas de razão para ficar rebentado de inveja, de despeito e de ciúme.

Naquelas ardentes regiões, tão cheias de largos e luminosos horizontes, de grandiosas perspectivas, naquelas veigas risonhas, onde tudo convida a amar, onde a viração quente e embalsamada só respira amor e voluptuosidade, naquele clima de luz e fogo, se o amor é uma chama voraz, o ciúme é uma peçonha que mata.

E tanto mais cruel e pungente devia ser o ciúme de Roberto quanto mais leal e extremosa era a sua afeição; pois o amor que o pobre moço consagrava a sua prima, era puro e santo, como primícias que eram