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caso será já o efeito da saudade, que hei de levar deste belo sítio, e das pessoas, que nele moram.

Este princípio não estava mau, e Paulina a estas últimas palavras do mancebo sentiu ameigar-se-lhe o coração ao sopro de uma aura de esperança.

– Não parece, – replicou Paulina; o que pelo contrá­rio me parece certo, é que as saudades que tem da sua terra, não lhe dão muito tempo para pensar em nós.

– Oh! perdão, d. Paulina; a senhora me faz grande injus­tiça: não sou ingrato a tal ponto, que as saudades dos meus e da minha terra me risquem da memória pessoas, a quem devo tantas finezas, e as quais sempre trarei gravadas no coração. Lembro-me na verdade sempre e com muita saudade de minha bela Franca; tenho lá minha mãe, parentes, amigos, e...

Eduardo interrompeu-se e suspirou.

– E mais alguma coisa, não é assim? atalhou Paulina esforçando-se por sorrir, porém com o coração num susto, numa ansiedade como quem espera a sentença, que vai decidir de todo o seu futuro.

– Sim, senhora; e mais alguém, – respondeu Eduardo com acento melancólico, – para que hei de eu negá-lo, e sempre que olho para a senhora, me lembro de uma moça que lá conheço.