— Um palerma — é o que Rosina queria dizer quando defendeu a fidelidade de Ernesto, maliciosamente atacada pelas duas amigas.
Havia apenas três meses que Ernesto namorava a sobrinha de Vieira, que se carteava com ela, que protestavam um ao outro eterna fidelidade, e nesse curto espaço de tempo tinha já descoberto cinco ou seis mouros na costa. Nessas ocasiões fervia-lhe a cólera, e era capaz de deitar tudo abaixo. Mas a boa menina, com a sua varinha mágica, trazia o rapaz a bom caminho, escrevendo-lhe duas linhas ou dizendo-lhe quatro palavras de fogo. Ernesto confessava que tinha visto mal, e que ela era excessivamente misericordiosa para com ele.
— Merecia bem que eu o não amasse mais, observava Rosina com gracioso enfado.
— Oh! não!
— Para que há de inventar essas coisas?
— Eu não invento... disseram-me.
— Pois fez mal em acreditar.
— Fiz mal, sim... você é um anjo do céu!
Rosina perdoava-lhe a calúnia, e as coisas continuavam como dantes.