a moça chorara. Mas se chorara é porque padecia; e nesse caso...

Nestas e noutras reflexões gastou Ernesto cerca de oito a dez minutos. Não sabia que resolvesse. Acudir ao chamado de Rosina era esquecer a perfídia com que ela se houve amando a outro em cujas mãos vira até uma carta sua. Mas, não ir podia ser contribuir para a morte de uma criatura que, ainda quando não tivesse sido amada por ele, merecia os seus sentimentos de humanidade.

— Diga que irei logo, respondeu enfim Ernesto.

Quando voltou para a sala trazia o rosto mudado. Os amigos repararam na mudança e procuraram descobrir-lhe a causa.

— Algum credor, dizia um.

— Não lhe trouxeram dinheiro, acrescentava outro.

— Namoro novo, opinava o companheiro de casa.

— É tudo isso talvez, respondeu Ernesto com um modo que queria ser alegre.

De tarde preparou-se Ernesto e dirigiu-se para a Rua Nova do Conde. Dez ou doze vezes parou resolvido a voltar; mas um minuto de reflexão tirava-lhe os escrúpulos e o rapaz prosseguia em seu caminho.

“Há mistério nisto tudo, dizia ele consigo e relendo a carta de Rosina. É certo que ele me revelou tudo, e até me leu cartas; nisto não há que duvidar. Rosina é culpada; enganou-me; namorava a outro, dizendo-me que só me amava a mim. Mas por que esta