a parasita azul
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Não era possivel tergiversar mais. Imaginou ainda uma grave molestia; mas a ideia de que o pae podia não acreditar n’ella e suspender-lhe realmente os meios, aluiu de todo este projecto. Camillo nem ânimo teve de ir confessar a sua posição á bella princeza; receava alêm disso que ella, por um rasgo de generosidade,—natural em quem ama,—quizesse dividir com elle as suas terras de Novogorod. Acceital-as seria humiliação, recusal-as poderia ser offensa. Camillo preferiu sahir de Paris deixando á princeza uma carta em que lhe contava singelamente os acontecimentos e promettia voltar algum dia.

Taes eram as calamidades com que o destino quizera abater o ânimo de Camillo. Todas ellas repassou na memoria o infeliz viajante, até que ouviu bater oito horas da noite. Sahiu um pouco para tomar ar, e ainda mais se lhe accenderam as saudades de París. Tudo lhe parecia lugubre, acanhado, mesquinho. Olhou com desdem olympico para todas as lojas da rua do Ouvidor, que lhe pareceu apenas um becco muito comprido e muito illuminado. Achava os homens deselegantes, as senhoras desgraciosas. Lembrou-se, porêm, que Santa Luzia, sua cidade natal, era ainda menos parisiense que o Rio de Janeiro, e então, abatido com ésta importuna ideia correu para o hotel e deitou-se a dormir.

No dia seguinte, logo depois do almôço, foi á casa do correspondente de seu pae. Declarou-lhe que ten-