de fazer? quem entende a poesia para a respeitar em toda a parte?
— Deixemos este lugar, disse o Dr. Lemos; aqui não compreendem o que é um poeta.
— Vamos!
O Dr. Lemos pagou a conta e saiu atrás de Luís Tinoco, que deitou ao rideiro um olhar de desafio.
Luís Tinoco acompanhou-o até à casa. Recitou-lhe em caminho alguns versos que sabia de cor. Quando ele se entregava à poesia, não a alheia, que o não preocupava muito, mas a própria, podia-se dizer que tudo mais se lhe apagava da memória; bastava-lhe a contemplação de si mesmo. O Dr. Lemos ia ouvindo calado com a resignação de quem suporta a chuva, que não pode impedir.
Pouco tempo depois saíram a lume os Goivos e Camélias, que todos os jornais prometeram analisar mais de espaço.
Dizia o poeta no prólogo da obra, que era audácia da sua parte “vir assentar-se na mesa da comunhão da poesia, mas que todo aquele que sentia dentro de si o j’ai quelque chose là, de André Chénier, devia dar à pátria aquilo que a natureza lhe deu”. Em seguida pedia desculpa para os seus verdes anos, e afirmava ao público que não tinha sido “embalado em berços de seda”. Concluía dando a bênção ao livro e chamando a atenção para a lista dos assinantes que vinha no fim.
Esta obra monumental passou despercebida no meio