rosto de Leandro Soares. O sangue subiu-lhe todo às faces, enquanto os olhos pareciam despedir chispas de fogo. Os lábios trêmulos como que ensaiavam baixinho uma imprecação eloqüente contra o feliz rival. Enfim, o pretendente infeliz rompeu nestes termos:
— A ação que o senhor praticou era já bastante infame; não precisava juntar-lhe o escárnio...
— O escárnio! interrompeu Camilo.
— Que outro nome darei eu ao que me acaba de dizer? Grande estima, na verdade, é a sua, que depois de me roubar a maior, a única felicidade que eu podia ter, vem oferecer-me uma compensação política!
Camilo conseguiu explicar que não lhe oferecia nenhuma compensação; pensara naquilo por conhecer as tendências políticas de Soares e julgar que deste modo lhe seria agradável.
— Ao mesmo tempo, concluiu gravemente o noivo, fui levado pela idéia de prestar um serviço à província. Creia que em nenhum caso, ainda que me devesse custar a vida, proporia coisa desvantajosa à província e ao país. Eu cuidava servir a ambos apresentando a sua candidatura, e pode crer que a minha opinião será a de todos.
— Mas o senhor falou de resistências... disse Soares cravando no adversário um olhar inquisitorial.
— Resistências, não por oposição pessoal, mas por conveniências políticas, explicou Camilo. Que vale isso?