HISTORIAS DE REIS E PRINCIPES
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O duque, bem ao contrario dos sentimentos que lhe attribue o codice citado por Herculano, transigia com a esposa.

Elle proprio, quando a côrte se dirigiu a Genova, seguia o coche rico que conduzia a duqueza, montando uma mula, acompanhado pelo abbade de Beaumont.

Os genovezes, segundo o testemunho de Spon, censuravam que Carlos III dispendesse em pompas, para honrar sua esposa, o dinheiro que melhor seria empregado em fortificar a cidade.

Não obstante estas censuras, as festas continuaram.

Por sua parte, a duqueza devia sentir-se contrariada porque, tendo sido educada no esplendor dos Paços da Ribeira, via-se agora condemnada a viver n'uma côrte pobre e endividada, não sem que o povo murmurasse á menor despeza que ella fazia.

Mas, é Claretta quem o confessa: a experiencia não devia tardar em corrigil-a. D. Beatriz inteirou-se das circumstancias, como mostra a sua correspondencia, que Claretta examinou com cuidado, e que elle proprio divide em politica e particular.

Desprendida de todos os defeitos de educação, mostrando um espirito desassombrado, como o de quem não está impressionado por a saudade de um amor infeliz, como teria sido o de Bernardim Ribeiro, Beatriz de Portugal principia a cuidar seriamente dos negocios internos do paiz.

Logo em 1524 escrevia ao marquez de Pescara